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terça-feira, 7 de maio de 2013

Ônibus queimados: Da banalização aos números absurdos

ônibus
Só na Capital Paulista, mais de 750 ônibus municipais foram queimados ou destruídos em ações criminosas. População quebra veículos que fazem falta a ela mesma.
Em um ano, mais de 750 ônibus municipais foram queimados ou destruídos, dizem empresas
De acordo com a SPTrans, só em relação a ônibus queimados, 2012 teve ao menos 53 veículos
ADAMO BAZANI – CBN
Já virou ação habitual de grupos de criminosos ou mesmo moradores vândalos de queimar ou depredar ônibus pelos mais variados motivos, a maior parte não tendo nada a ver com os serviços de transportes, o que também não justificaria os atos.
Basta a Polícia entrar em confronto com algum suspeito, ou mesmo prender algum traficante de drogas, que é quase certo que um ônibus (seus motoristas, cobradores e passageiros) vai acabar sofrendo as conseqüências.
O que a população parece ainda não entender, apesar de parecer óbvio, é que ao quebrar um ônibus por ordem de um bandido ou puro vandalismo, é ela mesmo que vai sentir na pele no dia seguinte.
Isso porque, além de as empresas trabalharem com frota reserva para casos de defeitos mecânicos e manutenções, e não prevendo que seus ônibus virarão fogueira, os ataques a ônibus não só diminuem a quantidade de veículos como também muitas linhas são desviadas de lugares considerados perigosos para a vida de passageiros, motoristas e cobradores e também para o patrimônio da companhia de ônibus.
Os números impressionam e são incentivados pela impunidade. Praticamente ninguém é preso quando coloca fogo em ônibus. Quando é pego, é o “de menor” e a polícia não pode fazer muita coisa.
De acordo com a SPUrbanuss, que é o sindicato que reúne as empresas da Capital Paulista, entre abril de 2012 3 março de 2013, foram 758 ônibus queimados ou depredados em São Paulo. De acordo com a SPTrans, só em relação a ônibus incendiados foram 53 no ano passado e 14 neste ano.
Esses números não levam em consideração os ônibus intermunicipais queimados na Capital Paulista e nem os municipais que servem cidades da região metropolitana, o que mostra que o problema é ainda maior.
De acordo com o Sindimotoristas, Sindicato que representa os motoristas de ônibus em São Paulo, as empresas que deveriam ter 10% de frota reserva têm em média a metade, 5%.
Mesmo assim, concorda que em casos de empresas que de uma vez só têm vários ônibus destruídos, como ocorreu com a VIP – Viação Itaim Paulista no último sábado, com um ônibus queimado e outros quatro depredados, a reposição dos veículos se torna mais difícil.
Nesta segunda-feira, passageiros da linha 2626 – Jardim Nazaré / Terminal Parque Dom Pedro II, sentiram falta dos ônibus da VIP que foram danificados pela própria polução depois de uma ocorrência policial.
FACEBOOK USADO PARA COMBINAR ATAQUES:
Reportagem publicada hoje pelo jornal O Estado de São Paulo mostra que a banalização do crime de incendiar ônibus se tornou tamanha, que os jovens que destruíram os cinco veículos da VIP, certas da impunidade dos atos, marcaram os ataques pela rede social Facebook:
Acompanhe:
No mundo do crime, aquele que falava demais era chamado pejorativamente de “guela” ou de “cagueta”, defeito considerado imperdoável entre quem circula em um ambiente onde discrição é sinônimo de sobrevivência. Só que, em tempos de Facebook, a lei do silêncio perdeu a força e os criminosos já combinam até incêndios em ônibus pela rede social. Foi o que ocorreu no fim de semana passado, quando cinco ônibus foram incendiados e depredados na madrugada de domingo nas ruas do Jardim Robru, na zona leste. Nos debates do Facebook, todas as nuances da história ficaram mais claras.
Um jovem com mais de 500 amigos na rede, morador do bairro e apelidado de Robinwood, foi morto por policiais militares na madrugada de sábado, segundo os debatedores.
Apesar do apelido e de afirmar que trabalhava nas “faculdades criminosas”, Robinwood era um jovem bastante popular na rede. Vaidoso, vestia roupas de marcas caras e era bastante cobiçado pelas mulheres que o seguiam. Mesmo mantendo o estilo de “vida loka” nas redes sociais, combinava em sua página idas à igreja com os amigos. “Já fui ontem. Vamo ae, poow.”
Depois do entrevero com a PM, a agonia do jovem no hospital passou a ser relatada pelos amigos em tempo real durante o sábado. E a revolta veio à tona com a notícia de que Robinwood estava morto. Assim como os flashmobs dos jovens de classe média (os movimentos relâmpagos), a internet foi apenas uma ferramenta para combinar o local dos protestos e da ação. Que ocorreram na rua. “Queima buzão… Fogo na Penha… Destrói a Tiradentes… A Nazaré parou”, convoca uma dos amigos do morto. Um colega responde: “Já fizemos parça (parceiro) o Penha queimado e o Tiradentes destruído”. Até que, finalmente, um jovem com um pouco mais de bom senso chama a conversa para um chat privado.
A truculência policial passou a fazer parte do debate. “A quebrada tá moiada dos malditos. Que Deus nos proteja desses vermes”. Além de jovens que se dizem das “faculdades criminosas” outro debatedor afirmava abertamente trabalhar como “157” (roubo) na empresa “profissão perigo”.
Mãe. A mãe de um dos garotos que liderava o movimento se intromete no debate, dando uma bronca nos jovens que falavam mal da polícia. “Filho, eu já te falei. Eles não são malditos. Estão fazendo o trabalho deles. Vocês jovens precisam parar com isso. E pensem que as pessoas procuram às vezes a própria situação por achar que se pode tudo. Gente, nossos jovens estão se matando mais cedo por não escutarem os conselhos dos pais. Eles acham que a gente fala demais. Não é isso. A gente não quer que nossos meninos partam cedo.” – O ESTADO DE SÂO PAULO

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