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sexta-feira, 9 de março de 2012

Mulher ao volante, elogio constante


Cada vez mais as mulheres vêm tomando espaço em profissões tradicionalmente masculinas e se destacando pela excelência de seu desempenho. No transporte urbano, por exemplo, já não causa estranheza a presença de mulheres trabalhando à frente do volante, seja no transporte escolar, nos táxis, nos caminhões ou nas empresas de ônibus. O que surpreende é a velocidade com que elas vêm tomando esses espaços. Delicadeza, paciência e cuidado são alguns dos diferenciais apontados por quem as contrata.
A Metra, empresa concessionária do Estado de São Paulo, responsável pela operação do Corredor ABD, que liga os bairros paulistanos de São Mateus e Jabaquara, passou a contratar mulheres para dirigir seus ônibus em 2007. No início, eram apenas quatro e hoje já são 23 profissionais femininas, entre os cerca de 450 motoristas da empresa.
Marco Antonio Florêncio da Silva, supervisor dos motoristas da Metra, afirma que essa conquista é mérito das próprias mulheres e também de uma gestão que realmente valoriza o potencial feminino. “As mulheres são mais delicadas, nunca respondem com agressividade e o relacionamento com o usuário é muito melhor. Sobre elas, não recebemos reclamações, apenas elogios”, comenta.
Ele lembra que, no início, os motoristas estranharam e até tentaram desqualificá-las, mas com o tempo, a constatação de que elas não se envolviam em acidentes e não geravam reclamações dos usuários foi suficiente para que passassem a admirá-las, “com todo o respeito”, faz questão de frisar. “Hoje, as motoristas são super bem aceitas pelos homens. Eles reconhecem suas qualidades, especialmente no trato com os passageiros. Nossas colegas convenceram a todos pelo trabalho bem feito”, comenta o supervisor.
Motorista profissional há 16 anos, Gisele Pinheiro Gomes, 37 anos, conta que começou sua carreira no transporte escolar, como sua mãe. Mas, no fundo, ela queria mesmo era dirigir ônibus. Há cinco anos na Metra, reconhece que ser motorista é um desafio diário, mas compensador. “É uma profissão que exige muita paciência, todo mundo tem pressa. Já saio preparada para dirigir por mim e pelos outros. Não sou de discutir”, afirma. O trânsito é pesado, mas o convívio com o passageiro alivia. “Todos os dias recebo elogios, tanto de homens quanto de mulheres. Eles me parabenizam por estar naquela poltrona e principalmente pelo meu modo de dirigir. Isso é muito bacana”, afirma.
Fátima Regina de Gouveia, 37 anos, casada, não tem na família nenhuma outra mulher motorista profissional, mas conta que sempre gostou de dirigir. Formou-se professora, chegou a dar aulas, mas sonhava com a possibilidade de pilotar um ônibus. Motorista profissional há 12 anos, está há dois anos na Metra, onde conduz o primeiro carro da linha 287 do Corredor ABD. Ela parte às 3h30 da garagem e retorna às 11h30 todos os dias, com folga aos sábados ou aos domingos, em meses alternados. O horário permite que ela almoce com seu filho de sete anos, acompanhe seu desempenho na escola e descanse para encarar a faculdade de Psicologia, às 19 horas. A rotina puxada, como a de qualquer outra mulher moderna, não a desanima, pelo contrário. “Nunca imaginei que estaria tão feliz e realizada com tudo o que conquistei sendo motorista. Mas quero crescer e meu sonho é me formar psicóloga para trabalhar com meus colegas aqui na Metra”, conta ela.

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