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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Atraso em obras de mobilidade prejudica produção de ônibus

Canaleta para ônibus em Curitiba: atrasos nos BRTs de várias capitais preocupam montadoras
O atraso na execução de obras de infraestrutura para mobilidade urbana – especialmente as da Copa do Mundo de 2014 – não atrapalham apenas os moradores que convivem com buracos e interrupções no trânsito em suas cidades. A indústria automobilística também é afetada, sobretudo as empresas que produzem ônibus.
Sem a estrutura para a operação dos sistemas, principalmente de Bus Rapid Transit (BRT, sistema com faixas exclusivas para circulação dos coletivos), a produção industrial está aquém das expectativas do setor, que vê um possível gargalo no final do ano.
O alerta foi feito por executivos das maiores empresas do setor, durante a feira Transpúblico, realizada no início do mês em São Paulo, juntamente com o seminário da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
A preocupação das montadoras é simples: a indústria está preparada para atender à demanda, mas os pedidos não chegam. Se eles se concentrarem no fim do ano, a produção de ônibus pode até atingir as metas, mas os veículos vão demorar mais para serem entregues.
Há pelo menos 20 projetos de instalação ou expansão de redes de BRT no Brasil, considerando apenas os que têm recursos do PAC da Copa ou do PAC Grandes Cidades. Entre as cidades com obras atrasadas estão Belo Horizonte, Brasília e Recife, que demandariam uma grande quantidade de veículos. Outra preocupação é Salvador, cuja inconstância nos projetos também preocupa a indústria.
Expectativa
"Esperamos uma melhoria o segundo semestre”, explica Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas da MAN Latin America. A Volvo, que é líder no mercado de BRT na América Latina e domina os principais mercados no Brasil, compartilha essa posição. "O problema não é a produção de ônibus para a Copa, mas a infraestrutura necessária para eles rodarem”, diz Euclides de Castro, gerente comercial para a América Latina.
Com a proximidade da Copa do Mundo, quando as obras de mobilidade devem estar prontas, a possibilidade de os pedidos se acumularem no fim do ano é grande. Segundo o gerente de marketing da Scania, Marcio Furlan, a espera por frotas de ônibus poderá chegar a 60 dias, se houver acúmulo de pedidos.
Alternativas
Setor aposta em tecnologia "verde”
As principais montadoras de ônibus que atuam no Brasil mostraram os lançamentos de seu portfólio de veículos na Transpúblico 2013. Mudanças nos chassis à parte, a grande aposta da indústria está nos modelos híbridos, com tecnologia "verde”, que custam em média 50% a mais que um modelo padrão.
A Volvo aposta no conceito de eletromobilidade, que mescla energia elétrica e biocombustível nos veículos. A montadora já tem 38 ônibus híbridos em operação na América Latina, a maioria deles – 30 – rodando em Curitiba.
O engenheiro de vendas da Volvo, Fábio Lorençon, explica que o modelo híbrido diminui em 35% o consumo de combustível e reduz até pela metade a emissão de gases poluentes e partículas. O plano da Volvo é lançar na Europa até 2015 um modelo híbrido plug-in, que pode ser carregada através da rede elétrica em terminais de ônibus, o que promete facilitar a operação em longas distâncias e diminuir o consumo de energia. Para 2017, a empresa trabalha com a possibilidade de lançar veículos totalmente elétricos.
A Mercedes-Benz também investiu no motor verde. O HíbridoBR tem tecnologia 100% nacional, fruto de uma parceria da montadora com a Eletra, especialista em veículos com tração elétrica. O motor funciona a diesel e eletricidade, mas apenas o motor elétrico movimenta o veículo.
Segundo Walter Barbosa, diretor de vendas e marketing de ônibus da Mercedes-Benz do Brasil, o consumo de diesel é até 20% menor no veículo híbrido, que tem vida útil até duas vezes maior que a de um modelo convencional.
Metas revistas
Parte do setor adia projeção de expansão
A falta de confirmação nos pedidos para as principais obras de BRT em execução no país fizeram com que a indústria de ônibus revisse suas projeções para 2013. Em alguns casos, a expectativa de crescimento foi trocada para um olhar de manutenção dos resultados obtidos em 2012, ou até mesmo de leve retração. Para parte das empresas, a meta de crescer ficou para o ano que vem.
A Volvo, que produz chassis de ônibus na Cidade Industrial de Curitiba (CIC) e tem atuação expressiva no segmento de BRT, acredita que os resultados deste ano serão similares ou menores que os obtidos em 2012, quando a empresa vendeu 2,8 mil chassis.
Na Mercedes-Benz, a projeção de produção para este ano fica entre 28 mil e 30 mil chassis. "Agora estou mais cauteloso”, revelou Joachim Maier, vice-presidente de vendas da empresa no Brasil. Líder de vendas nos segmentos urbano e rodoviário, a Mercedes teve um crescimento de 21% nas vendas de atacado no primeiro semestre de 2013 na comparação com o mesmo período do ano passado.
Na contramão de parte do setor, a MAN Latin America comemorou neste ano o melhor primeiro semestre de vendas de sua história, com 4,8 mil chassis comercializados. Mas grande parte desse volume se deve a demandas do governo federal – a empresa fornece veículos para o Exército e programa Caminho da Escola

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