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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Caminhão de R$ 500 mil é mais sofisticado que carro de luxo


“Esse aqui merecia um motorista de terno e gravata”, diz João Moita, 62, ao volante do Mercedes-Benz Actros. Caminhoneiro profissional há 42 anos e piloto de testes da marca alemã há mais de 30, ele acompanhou a avaliação pelo rodoanel Mário Covas, em São Paulo.
O Actros é o caminhão topo de linha da Mercedes. O modelo traz itens de segurança e conforto inéditos no mercado de veículos pesados.
Muitos equipamentos vieram de carros de luxo da marca, como o sedã Classe S. Há sensores eletrônicos que monitoram o comportamento do veículo, sistemas de segurança que atuam sem a intervenção do motorista e banco com aquecimento.
“Você pode pegar um carro de R$ 1 milhão e garanto que não irá encontrar muitas das coisas que vêm no Actros”, desafia Moita. Ele tem razão. Alguns equipamentos são exclusivos do caminhão, como o banco do motorista que compensa o chacoalhar da boleia por meio de um sistema pneumático.
A cabine é a mais alta da categoria. A vantagem disso aparece no piso completamente plano, sem a intervenção do túnel do motor.
Cama
O interior é de fazer inveja ao Classe S. Há muito espaço para o motorista e o carona, além de cama e de um ar-condicionado que funciona mesmo com o motor desligado.
O segredo são os canos com líquido refrigerado que passam pela cabine – agem como as serpentinas que conservam o chope gelado nos bares. O sistema é recarregado pelo motor em funcionamento. Após três horas e meia de estrada, haverá energia suficiente para refrigerar a cabine por até oito horas.
Câmeras embaixo do “grandalhão” identificam os limites das faixas de uma rodovia. Se o motorista se distrair e sair da pista, um aviso sonoro é emitido na cabine. O sinal vem do lado para onde o caminhão está escapando.
A cereja do bolo é o sistema que mantém a velocidade e a distância do veículo à frente conforme programado no computador de bordo. Funciona assim: um radar na dianteira identifica carros e motos na pista. O Actros acelera e freia sem a necessidade de intervenção do motorista. Se necessário, o sistema faz a parada total do caminhão.
A tecnologia tem seu preço. Na configuração com tração 6×4 e esses equipamentos, o Actros sai por R$ 506 mil. “Já dirigi caminhões de todos os tipos. Esse aqui, que acelera e freia sozinho, qualquer um dirige. É só controlar nas curvas”, afirmou João Moita enquanto conduz o Actros de volta à Mercedes.
Piloto
A potência é de esportivo, mas os 456 cv do motor diesel estão na medida para mover o Actros, que pesa 10 toneladas e pode “puxar” outras 70. O torque assusta na primeira acelerada, quando o caminhão parece dar um salto para frente. No modo “manobra”, a rotação do motor é limitada para deixar a aceleração mais suave.
O câmbio automatizado de 12 velocidades conta com sensor de inclinação, que ajuda a escolher a marcha mais adequada ao relevo da pista. A suspensão a ar oferece estabilidade e maior precisão nas manobras.
São de série os freios a disco nas seis rodas, com ABS e gerenciamento eletrônico que identifica o arrasto da carga para equilibrar a pressão entre o cavalo (o próprio caminhão) e a carreta. Se for preciso parar e, em seguida, arrancar em uma subida, o freio motor irá segurar o Actros por alguns segundos, evitando que o caminhão ande para trás.
O retarder, sistema auxiliar de frenagem que é controlado por meio de uma alavanca atrás do volante, requer habilidade. Dirigir o Actros não é tão simples quanto diz o piloto de testes da Mercedes.

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