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quinta-feira, 8 de março de 2012

Restrição ao tráfego de caminhões em São Paulo pode aumentar frete em até 80%


As restrições ao tráfego de caminhões na Marginal Tietê deve provocar alta de até 80% no preço do frete para a Capital. A previsão é de empresários do setor e reforçada pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas de Sorocaba e Região (Setcarso). Desde segunda-feira, os veículos de cargas não podem trafegar pela Tietê entre às 5h e 9h e das 17h às 22h, de segunda a sexta-feira e, aos sábados, das 10h às 14h. O horário restrito também atinge outras vias da Capital.
O preço do frete, diz o assessor de diretoria do Setcarso, José Raimundo da Silva, será afetado por conta da necessidade de se usar um maior número de caminhões para que seja feito o mesmo volume de entregas. O setor de segurança de cargas também deve ser prejudicado já que os veículos terão de ficar muito tempo parados e passarão a trafegar mais durante a madrugada. Isso, diz o assessor, encarecerá ainda mais o preço do transporte como um todo. Segundo ele, já na segunda-feira um caminhão de uma transportadora sorocabana foi roubado na marginal à noite.
José Raimundo explica que um caminhão sai da cidade de origem com diversas entregas a serem feitas. Para manter os contratos, a saída é dividir a carga em caminhões menores. “O reflexo não é apenas em Sorocaba e região, mas em todo País.” A partir de agora, diz ele, caminhoneiros autônomos e empresas de transporte terão de trabalhar com uma programação mais rígida de horários.
“Mas ainda assim, se acontece um acidente e trava o trânsito por uma hora e meia, por exemplo, aqueles caminhões já vão ter perdido o horário e terão de ficar parados esperando para poder entrar na marginal”, argumenta. Com esses novos horários as empresas de transporte ainda gastarão mais com horas extras e alimentação dos funcionários. A região do Setcarso é composta por 57 municípios e conta com cerca de 1.200 empresa de transportes de carga empregando 20 mil pessoas. As indústrias são 60% dos clientes, seguidos pelo comércio e agronegócios.
Adaptação logística
Diariamente a Transportadora Vantroba envia uma média de 100 caminhões para São Paulo e Rio de Janeiro. O diretor comercial e operacional da empresa, Edilson Vantroba, afirma que a empresa trabalha para fazer a adaptação aos novos horários de circulação na Capital. “Teremos grande dificuldade em fazer a logística onde os clientes também terão de se adaptar a novos horários de recebimento ou teremos que colocar mais veículos nas ruas, aumentando os custos fixos”, afirma o empresário. Segundo ele, todas as entregas terão de ser redesenhadas e a perda de produtividade da frota é inevitável.
Ele acredita que o preço do frete deve ter alta entre 20% e 30%. “Teremos que aumentar o número de caminhões e, automaticamente, usaremos mais motoristas”, justifica. A transportadora conta com 800 funcionários em todo o País. Segundo o diretor, desses, cerca de 300 transitam na cidade de São Paulo. “Eles estão apreensivos pois podem levar multas com pontos em sua CNH”, afirma. A multa por trafegar fora do horário permitido é de R$ 85,13 sendo considerada uma infração média, com acréscimo de quatro pontos na Carteira Nacional de Habilitação.
Apagão de mão de obra
Proprietário da MB Transportes, Gelson Bortolanza conta estar difícil contratar mão de obra qualificada para o setor de transporte. Diante dos novos horários de circulação na marginal Tietê, o empresário sabe que terá de contratar mais motoristas mas não encontra candidatos. “O horário ficou muito estreito. Antes a gente saía às 7h e às 9h já estava na porta do cliente para fazer entrega em Garulhos. Agora o caminhão vai chegar meio dia e se eu tenho dez entregas, não vou conseguir fazer todas”, pondera ele.
Assim, Bortolanza reforça o fato de que a carga terá de ser dividida em caminhões menores. “O frete vai ficar entre 50% e 80% mais caro”, comenta. Como exemplo ele cita um caminhão do tipo Toco, que leva seis toneladas e um Huck, que carrega até três toneladas. “O frete do Toco é R$ 500 e do Huck R$ 380. Vou precisar de dois desses para fazer o serviço de um do tipo Toco. Quem vai pagar essa diferença?”, questiona.
Outra observação feita pelo empresário é com relação ao horário de retorno desses veículos. No modelo que vigorou até segunda-feira, os caminhões retornavam no final da tarde para a cidade dando tempo, então, para que eles fossem recarregados. “Agora o caminhão só vai poder sair de lá às dez da noite e quando chegar aqui já não consigo ir buscar nenhuma outra carga. Vai ser um tempo perdido que para o setor de logística é muito precioso”, afirmou.
Marginal Pinheiros
Na Marginal do Rio Pinheiros, a restrição ao trânsito dos caminhões é válida para o período das 4 às 22 horas, de segunda a sexta-feira e, aos sábados, das 10h às 14h, exceto feriados. A CET recomenda aos caminhoneiros atenção aos períodos de proibição de circulação, uma vez que são distintos em cada uma das Marginais (Pinheiros e Tietê). Os chamados Veículos Urbanos de Carga (VUCs) estarão isentos dessa regra.

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