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terça-feira, 13 de março de 2012

Batedeira gigante


O crescimento econômico e imobiliário tem feito com que o número de betoneiras nas ruas aumente muito. Como é um equipamento de uso específico, normalmente estão nas mãos de empresas especializadas. A Polimix Concreto é uma delas. Com 160 filiais em todo Brasil e em outros países, a empresa possui, apenas em uma pequena unidade de Cotia, SP, 11 equipamentos. Mas apesar de ser a betoneira que mais aparece por ser móvel, ela não trabalha sozinha. Ela apenas faz o transporte. Quem lança o concreto até as lajes são os caminhões-bomba, que ficam parados nas obras. “Por isso são as betoneiras as mais vistas nas ruas”, explica João Evaldo Claro, líder de Filial da Polimix. “Um caminhão-bomba tem que ser abastecido por várias betoneiras e de maneira ininterrupta”.
Além de transportar concreto, elas são responsáveis pela sua preparação. “Em nossa base existem silos de areia, e cimento”, afirma Claro. “Cada cliente pede uma formulação específica para o concreto, que varia de acordo com a utilização. Com as especificações, nossos técnicos adicionam areia, cimento e água na proporção correspondente que vai entrando no balão, depois que as esteiras são ligadas. Com o movimento, a mistura vai acontecendo dentro do balão”.
O balão tem duas roscas que ao girarem no sentido horário, empurram a mistura para o fundo. Na hora de descarregar, a rotação é ao contrário. Por isso, o balão não pode parar de girar. Se isso acontecer, o concreto endurece. O motorista recebe ordem para estacionar em baixo do silo e começa a receber os elementos que formarão o concreto. Depois disso, o caminhão vai até o dosador para colocar água para corrigir a umidade do concreto que pode ser 5, 8 ou 10. Quanto maior a graduação, mais úmido é o concreto. “O concreto mais fl uido, é indicado para laje, fundações. A bomba só lança o slump (formulação) 8 e 10. Se for mais seco, ela não consegue empurrar”, explica João Claro.
A menor betoneira tem 7 m3 e a maior 8 m3. Esses volumes se devem à dificuldade de sair de algumas construções que têm acesso complicado. “Uma saída é utilizar uma betoneira com 8 m3 e não colocar toda sua capacidade”, explica o líder de Filial.
Outra situação na qual as betoneiras andam com menos carga do que podem, é em trajetos com subidas muito íngremes, onde o concreto pode sair da betoneira, caso ela esteja muito cheia. “O transportador consciente anda com carga menor do que pode para preservar o caminhão e o piso por onde passa”, afirma João Claro, explicando que para esse tipo de serviço, o caminhão tem que ser 6×4 porque a maioria das obras é de difícil acesso, terraplanagem, garagem subterrânea. “Apenas um diferencial não conseguiria puxar o peso, principalmente com chuva. A embreagem e o câmbio são os mais exigidos. Tem mestre de obra que manda o motorista entrar e se ele é consciente pensa, pede para o mestre de obra verificar e acaba não entrando. Mas tem uns que entram de qualquer jeito e acabam danificando o caminhão, embreagem, etc”.
Funcionando
O motor do caminhão faz funcionar uma bomba hidráulica que gira o balão. Na parte traseira tem uma alavanca que aciona a rotação do balão, para depois, outra alavanca dar o giro.
Quando o balão está girando no sentido horário é porque está sendo carregando. Depois, outra alavanca controla a velocidade. Durante o percurso, a velocidade é menor. Quando ele chega à obra, o sentido de giro é invertido e as lâminas que estão dentro do balão fazem o processo de descarregamento.
Para ser motorista de betoneira é necessário ter carteira de motorista categoria D e passar por um treinamento de um mês com outro motorista. Primeiro o candidato leva o caminhão sem carga, para se habituar com ele vazio. Depois de quinze dias, começa a transportar com carga. O treinamento é de um mês. Na volta o motorista traz o caminhão vazio. Depois de 15 dias começa a transportar pequenas cargas.
Dependendo da carga, o caminhão tem que transportar bem devagar, no máximo a 60 km/h. O pior para betoneiras são as curvas e entrada de obra. “Já houve caso de caminhoneiro perder o controle, cair no barranco e capotar”, diz Claro.
As curvas também são perigosas porque no meio da curva, toda a carga de concreto se desloca para o lado podendo até causar o tombamento.
O caminhoneiro não pode passar da velocidade, apenas entrar na obra depois de verificar o terreno e nas ladeiras tomar cuidado porque o caminhão tem motor, mas não tem peso na frente. Em uma subida, o material pode ir todo pra trás e quando o motorista percebe, a frente começa a subir. Já teve caso de que a carga foi toda para trás e a cabine do caminhão ergue, saindo com as rodas da frente. O caminhão tem que ter um bom sistema de suspensão, com molas grossas e chassi bem reforçado.
O balão para carregar gira com 14 rpm. Durante o transporte, cai para 3 rpm. Ao chegar na obra, volta a ser acelerado para 14 rpm e suas pás internas fazem o concreto ser descarregado. Vazio, o balão recebe um jato de água e com a rotação acaba ficando limpo. Depois é voltar para a base e carregar de novo. Enquanto houver obras, as “batedeiras gigantes” não param.

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