O exportador Gilberto Thomás trabalha há 28 anos com o setor e em apenas dois meses o empresário teve três caminhões de carga roubados em rodovias estaduais e federais. Mil e quinhentas sacas de café foram levadas pelos assaltantes, estimando um prejuízo aproximado de R$ 500 mil. “Nos tornamos muito vulneráveis aos roubos de carga de café. Isso para nossa região é péssimo, pois o exportador, por sua vez, não vê com bons olhos a nossa região para comercialização de café. Então começam a comprar café de outras regiões e para nós se torna um prejuízo psicológico e financeiro”, disse.
Nos últimos meses do ano, quando a comercialização dos grãos é intensificada, o índice de roubos é bem maior. Em 2010, a Polícia Militar (PM) registrou 105 roubos e furtos a propriedades rurais em Araguari e região. Em 2011, até setembro foram 103 registros. Durante quase dois anos, a PM cadastrou as coordenadas geográficas das 4,2 mil propriedades rurais de Araguari e, com isso, a partir deste ano, a PM chega mais rápido às fazendas do município.
Outra iniciativa foi a criação do Conselho de Segurança Pública Rural (Concep Rural) que reúne, uma vez ao mês, produtores rurais e a polícia para discutir e solucionar os problemas de segurança pública relacionados à zona rural. Esse grupo de produtores está adquirindo uma caminhonete para doar à patrulha rural, além de celulares, para otimizar o trabalho da PM.
Segundo o presidente da Associação dos Cafeicultores, Nivaldo Souza Ribeiro, o prejuízo financeiro com o número de roubos pode aumentar com o passar dos anos. “Acredito que em um futuro próximo, o exportador vai penalizar nossa região do Cerrado, assim como as seguradoras, que em função dos altos índices de roubos, vão começar a aumentar os seguros e dificultar a comercialização”, concluiu.
Funcionários podem facilitar, diz PRF
Segundo o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Willian Romero, os assaltos ocorrem durante o percurso do motorista nas rodovias federais ou estaduais e durante as paradas do motorista em pátios de postos de gasolina. Ele revelou ainda que, em muitos casos, os próprios funcionários facilitam o crime. “As transportadoras precisam ter cuidado com as contratações. Muitas vezes estes crimes acontecem pois alguém facilitou a informação, seja o motorista ou o carregador. Dentro da própria empresa existem indícios de acontecer pessoas envolvidas”, disse.
A orientação para o motorista é ficar atento durante as paradas. “O motorista deve tomar cuidado ao parar o veículo e ficar atento se não tem ninguém mexendo na carga. Tem muitos casos de motoristas que param para abastecer e, cinco quilômetros depois, veem algum problema. Provavelmente alguém mexeu e só depois que ele viu o problema”, afirmou o inspetor.
Em relação ao trabalho das polícias, o inspetor explicou que seria necessária uma integração maior entre as polícias rodoviária, civil e militar. “Muitas vezes ocorrem alguns crimes em pátios de posto, por exemplo, que a PM registra a ocorrência, mas a PRF não é informada sobre a situação e também ocorre o contrário. Temos que ter uma integração melhor para chegar a todas as instituições e cada contribuir dentro de suas atribuições”, concluiu.
Fonte: G1
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